Nas décadas de 1970 e 1980, no Rio de Janeiro, o Angu do Gomes fazia tremendo sucesso: eram barracas populares espalhadas pela cidade, que serviam, durante a noite, pratos de angu coberto com um picadinho feito de miúdos de porco e de boi, com muito molho (conhecido também como sarapatel), acompanhado por bebidas ao gosto do freguês. Depois, o Angu do Gomes virou restaurante, passou a diversificar seu cardápio, até que, finalmente, em meados da década de 1990, as barracas do Angu do Gomes extinguiram-se por completo das ruas do Rio, restando apenas o restaurante, onde ainda pode ser encontrada a iguaria original do prato comercializado nas famosas barracas.
Se o Angu do Gomes foi sucesso absoluto no Rio, em Belo Horizonte, no final dos anos oitenta, havia as carrocinhas de frutas, que eram a salvação na madrugada, quando os botecos (exceção para o Das Sete às Sete) fechavam as portas: o Bar do Lulu, o Verde-Azul, o Onhas do Jequi, o Estação da Música, o Nirvana... Nas barracas de frutas, principalmente na Savassi, era possível “rebater a ressaca” com frutas maravilhosas, especialmente selecionadas. Em plena madrugada, lá estavam elas, branquíssimas e brilhantes, com suas frutas que pareciam de cera. Quem quisesse continuar bebendo, a barraquinha das frutas também quebrava o galho, com “caipifrutas” – de vodka ou de cachaça – produzidas num instante. Havia também os caldeirões de mingau: literalmente, imensos caldeirões cheios de mingau de vários sabores, que circulavam sobre rodas pelas ruas de Belo Horizonte, servindo aos mais famintos, quando não se encontrava mais bar ou restaurante aberto de madrugada.
Com o passar do tempo, os botecos de Beagá se multiplicaram, alguns tornaram-se “24 horas”, inventaram o movimento “comida di buteco” (que espalhou-se para o Rio, criando a conhecida disputa pelo melhor e mais criativo petisco botequeiro). Tudo isso, se por um lado foi muito bom para o desenvolvimento do “setor botequeiro”, por outro, fez desaparecerem as barraquinhas de frutas e os caldeirões de mingau da madrugada belorizontina. Destes, o mais famoso era o mingau de fubá, que funcionava como um poderoso “rebate ressaca”.
O mingau de fubá é simplesmente um mingau ralo e salgado, feito de fubá e água e temperado com linguiça em rodelas e couve rasgada. Nas variantes da receita, há quem adicione costelinhas de porco, paio, bacon, etc. Salpicar tudo com cebolinha verde e salsinhas picadinhas e servir bem quente.
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